Vivemos no mundo de WESTWORLD ONLINE todos os dias

"Online, I can be anybody. And I can change who I am at any time"

O mundo de Westworld , o único lugar onde tudo parece real, mas não é. Onde a fantasia se torna realidade. Um questionamento importante a ser feito a respeito da série é: Já não vivemos nesse mundo de Westworld online todos os dias? A indagação ética, supostamente feita pela série, já não é uma crítica aos nossos posicionamentos éticos diante da nossa realidade virtual? A experiência online não é como uma obra ficção? É considerada fora da realidade por ser baseada em criações fantasiosas. Ora, não é disso que se trata Westworld? Vejamos...

A análise é simples


Enquanto na série os humanos, de certa forma, usam e abusam dos robôs, nós, aqui na nossa 'realidade' usamos e abusamos de nós mesmos, através de robôs. Como diria Marx, consumimos a tecnologia e somos dominados por ela, não dominamos ela.
Fazemos laços virtuais, fantasiamos os outros e vestimos fantasias ao nos relacionarmos pela internet. Passamos dias colados nos nossos gadgets, alienados, vivendo através de uma máquina, um robô, numa espécie de westworld online. Alguns podem dizer "Eu não!". Bom, se você é um desses já deve ter se sentido excluído de uma conversa, até mesmo ficado irritado ao tentar falar com alguém que não larga o celular, certo? Pois é assim que você é capturado, ou você está dentro ou está fora; e no fundo no fundo ninguém quer ficar de fora.

"These violent delights have violent ends"





Como seres desejantes somos levados a pensar que tudo podemos obter, não é este o lema capitalista liberal? 'Laissez-faire', deixe fazer- agora mais ainda o FAÇA. Como ordem absoluta. "Compre e seja feliz."- A nossa realidade capitalista nos programa dizendo o que desejar e como obter prazer na realidade Westworld online.  A questão de Tolstói nunca foi tão atual- "o que devemos fazer e como devemos viver?"- mesmo que não seja a nossa realidade, não importa, importa mostrar, como numa vitrine, tudo o que "vivemos e fazemos". É a atuação de uma vida, como um teatro, como uma experiência de Westworld online . Esse aspecto teatral de compartilhar a vida molda a lógica e a experiência do ato em si. Eu sou o que eu compartilho, o que eu atuo. Assim, como uma via de duas mãos, o que eu compartilho o que sou. Na série Westworld é bem claro quem é bom e quem é mau, basta ver como atuam no parque, sua fantasias retiradas das profundezas do inconsciente sendo expostas. Porém no parque a atuação é para eles mesmos, aqui atuamos para um público.      

“You can't play God without being acquainted with the devil.”



Quando Anthony Hopkins fala sobre "brincar de Deus" podemos pensar em nossa sociedade extremamente voltada para a ciência. Até onde nós brincamos de ser Deus? Manipulando a vida, criando, clonando e por muitas vezes ignorando a ética, vivendo sob uma moral deturpada. Somos tão diferentes assim? Provavelmente não.   Temos toda a informação na palma da mão, mesmo assim ignoramos a realidade e acreditamos no que lemos na internet, compartilhamos e curtimos coisas sem nem ao menos averiguar, analisar criticamente o que está sendo divulgado. As crianças levando a sério jogos online e se enforcando como entretenimento para uma vida vazia.
Até quando vamos nos sujeitar a essa vida artificial tratando-a como imprescindível?

Somos robôs?



Não somos nós os robôs? Seres programados desde o princípio para agir de certa forma e seguir um padrão ("Another brick in the wall"). O que acontece com quem questiona a realidade dessa vida westworld online? Na série eles são levados para um submundo onde são reprogramados ou desligados permanentemente. Na nossa realidade também! Já disse Foucault e sua análise de presídios, manicômios e escolas: são estas as bases da nossa "programação" como seres humanos, e quando dá uma 'pane no nosso sistema' somos excluídos, punidos e reprogramados. A notícia boa é que, assim como os robôs,  nós estamos despertando para a realidade... Pelo menos alguns de nós...

ENTENDA A HISTÓRIA ORIGINAL: AQUI

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